MAPAS ERRANTES, PEGADAS NA AREIA: NOTAS SOBRE POEMA 193
Texto de Yana Tamayo para a exposição Poema 193, que aconteceu na Galeria Fayga Ostrower FUNARTE Brasília, em fevereiro de 2017.
Contemplada com o Prêmio Funarte
de Arte Contemporânea 2015, a exposição Poema
193 de Diego de Santos ocupa a Galeria Fayga Ostrower com uma série de
desenhos, vídeos e objetos produzidos em 2015.
Os trabalhos aqui apresentados
são resultado da contínua pesquisa do artista que compreende, entre outras
questões, a noção de morada. Neste projeto, é trazido a Brasília um conjunto de
experiências poéticas em que o fogo manifesta sua perigosa imaterialidade na
relação com as coisas: como é possível que um corpo vulnerável, em risco de
desaparição, seja o mesmo a produzir os incontáveis vestígios de sua peregrinação
em busca de abrigo?
Em Poema 193, Diego de Santos produz pequenos incêndios que se
espalham e aderem a diferentes formas e suportes evidenciando um estado de
transformação da matéria, buscando captar vestígios de proximidade com a
transitoriedade da matéria incandescente.
Seja ateando fogo nas conchas
abandonadas por moluscos ou na proximidade que arrisca ferir o branco do papel no
qual se inscrevem desenhos feitos a caneta esferográfica, estes mini-incêndios ritualizam
histórias de passagem, de transfiguração e a odisseia involuntária de
populações à margem do direito de morar. Ao mesmo tempo em que podem remeter às
recordações latentes de estratégias criminosas que manifestam o voraz interesse
privado sobre a terra, o fogo desenha uma nova matéria no espaço transmutando em
fumaça e negra fuligem o que antes se adensava em corpos sólidos. O ateliê
escuro torna-se então, a cada ação de queima, uma caixa de fumaça negra e chamas,
um poliedro gasoso dentro do qual os papéis, as conchas e o corpo do artista
tornam-se pares numa dança cúmplice do fogo. Testemunhas da matéria sutil que
escapa do um corpo incendiado.
Os desenhos com fuligem de Diego invocam
de certa maneira o paradoxo que se estabelece entre o desejo da fixação, da
necessidade do abrigo protegido, e a simultânea necessidade de errância –
voluntária ou involuntária – a que está sujeita a humanidade há tempos. A tentativa
de apreensão dos vestígios do impalpável nos conta sobre a impossibilidade de
deter a transitoriedade da matéria, seja a de nosso próprio corpo ou das coisas
ao nosso redor. A natureza e a cultura são entes famintos e parecem mesmo insaciáveis.[1]
Poema 193 propõe uma fabulação mínima em que mundos de densidades distintas
ora encontram-se, ora colidem, ora afastam-se. Forças naturais e humanas atuam,
nem sempre em acordo, dentro e fora do ateliê, para fundar elementos de
linguagem a partir dos sinistros provocados por este artista e pelo fogo que
tudo transforma.
Entre tantas simbologias e
míticas às quais estão relacionadas as conchas, uma diz respeito à imaginação
ocidental sobre a casa, sobre os caminhos e percursos feitos na busca por um
lugar seguro ou sobre a expulsão do abrigo. A concha da vieira, que nas antigas
crenças pagãs simbolizava a sexualidade e a fertilidade de Vênus foi
transformada pelo cultura cristã também num símbolo que representa o caminho do
peregrino. Como símbolo pagão associado a Vênus, a concha já fazia menção à proteção
dos náufragos e dos que pelos caminhos do mar se aventuravam. Posteriormente,
no século IX, conta-se que os restos mortais do apóstolo Tiago foram
encontrados na costa da Galícia, Espanha, após o naufrágio do barco que
transportava seu corpo martirizado. Dizem que o barco, à deriva sem leme nem
vela, teria sido guiado por anjos e que o corpo de São Tiago teria sido encontrado
na areia todo coberto de conchas. Esta região é a mesma onde, a partir do
século XVI, surgem os primeiros relatos de milagres atribuídos a São Tiago,
homenageado com a fundação, no século IX, da cidade de Santiago de Compostela –
uma das principais rotas da peregrinação cristã no mundo.
Podemos pensar que o século XVI,
além de ter sido protagonista de narrativas épicas e milagrosas, foi também um
século de abismos: oceanos abriram-se ao infinito de uma Terra arredondada, a
ser conquistada sem o medo de cair adiante, na quina do mundo. Porém, sem
quinas, o mundo tornou-se o abismo por excelência da era moderna. Nos tornamos
ainda menores, seres diminutos diante da escala agigantada da experiência que
se sucedeu com a navegação e a conquista das colônias.
Não em vão, o trabalho de Diego
de Santos parece se constituir a partir de uma geografia pessoal que se expande
num exercício de escuta sensível das inúmeras histórias que lhe contam desde a
infância, bem como da observação cotidiana das circunstâncias que delimitam e reconfiguram
constantemente a vida das pessoas num lugar. Neste caso, sua paisagem natal ressoa
como espaço particular a impulsionar os percursos, as coletas (materiais e
imateriais) e as composições que podemos encontrar a partir de seu trabalho.
Conhecido entre tantas outras características
pelo êxodo rural consequência das implacáveis secas no interior, pelo avanço do
mar sobre o continente que desaloja habitantes de faixas costeiras devorando
construções, ou ainda pelos fortes ventos que deslocam dunas fazendo
desaparecer por vezes cidades inteiras, o Ceará é o ponto geográfico do qual
Diego de Santos evoca as formas e narrativas que podem ecoar paralelamente na
experiência universal de uma memória de errâncias: o ancestral embate entre
natureza e técnica, entre a cultura do progresso e a possibilidade de uma
sociedade mais justa modelam nossa experiência coletiva de relação com o mundo
e com o outro. Todas essas histórias alinhavam formas variadas e movediças numa
cartografia artística que lida constantemente com as evidências de um mundo
transitório.
As memórias transmitidas,
lembranças dos lugares e das coisas transformando-se e atualizando-se ao longo
do tempo – o tempo de uma vida, de um corpo, histórias peregrinas contadas ao
redor de uma fogueira – apontam para as forças que teimam em evidenciar a vulnerabilidade
do humano diante do imponderável ou do poder que determina quem não estará a
salvo na pirâmide social. Conhecemos bem os extravios, a necessidade de um mapa
para quando a rota nos escapa. Vivemos – nós, e talvez a arte? – apenas em
movimento, fazendo desenhos no chão enquanto caminhamos. Apenas certos da
constância da impermanência: dos ventos, das chuvas, das marés imprevistas e do
sol à pino.
[1] Aqui faço menção a Gonçalo M.
Tavares que, sobre a força do vento Tatajuba – CE, escreve: “Eis,
pois, a história da Velha Tatajuba, local em que os homens tiveram de abandonar
as suas casas por causa da epidemia da areia. Mudaram-se para um local, não
muito afastado, que se chama, claro, a Nova Tatajuba. Podemos ver as novas
casas, e os moradores confiantes que, desta vez, os seus netos poderão brincar
nos mesmos quartos, durante muito tempo. No entanto, a areia não pára de ser
atirada pelo vento. E as dunas continuam a mudar de posição. E não querem ser
só paisagem. E continuam com fome.” Extraído de seu texto “Histórias no Sertão, Areia em
Jericoacoara”, no livro “Como se faz um deserto”, de Marina Camargo.
A CASA SOLIDÃO
Texto de Maíra Ortins para a exposição Arranha-Verso, que aconteceu no Centro Cultural Banco do Nordeste, em Agosto de 2009, em Fortaleza.
Quando o silêncio é tão ou mais significativo que
as palavras, e o gesto do artista contemplativo sobre suas questões se
amplifica na obra como um eco, inundando o universo lírico do branco sincero do
papel, instala-se um nervoso estágio de reparo de uma outra consciência que pousa
sobre o pensamento. Um homem transcorre este papel, apenas parte do corpo é
visto, porque todo o resto se confunde com a casa, a casa solidão
criada por Diego de Santos. É neste arquétipo que o artista transita, explorando
todas as possibilidades para ele possíveis.
A casa nos remete para a idéia de abrigo, mas
quando a casa não abriga, aprisiona? Que forma de interação com o meio, o
artista expressa? Aqui, a casa não é refúgio, nem espaço de fuga. O homem teme
essa casa – pesada, feita de concreto
e grades. Contudo, ainda se avista pela janela o azul promessa de felicidade. O
sonho não se serve de meios, por isso não há elementos que explicitem a fuga
exata do homem nesse espaço. Com apreender a imaginação do sonho criado pelo
artista, repleto de vazio e silêncio? O devaneio não trabalha com a
conceitualização.
Acima
da casa, não se vê céu, ver-se tempo, corroído, em cor fosca e cinza. Papel
gasto e cansado do atrito da caneta. O espaço ideal não existe na obra de Diego
de Santos, os dois lados possíveis são limitados. Este está à margem das coisas,
do tempo, do espaço. Pequeno é o limite do real. O artista habita a terceira
margem entre o espaço e o tempo, entre a cor e o branco, silencioso e calmo,
nem triste, nem exato, nada preciso, pouco a ser dito e muito a ser visto. ENTRE O CANTO DA CASA E A ESQUINA DA RUA
Texto de Jacqueline Medeiros para a exposição Um Mundo Aqui Dentro, que aconteceu em setembro de 2011 na Galeria Amparo 60, em Recife.
“Nossa alma é uma morada”, já dizia Bachelard, e ao lembrarmos das casas, das paredes, dos lustres, das fechaduras, aprendemos a morar em nós mesmos. Nas obras de Diego estes objetos comuns de dentro de casa se fundem ao sujeito num desvio surreal, revela que para conhecer o mundo, para fazer deste uma nova morada, será preciso, antes, dissecar, desmontar, desconstruir e, por vezes, até mesmo destruir a casa. O mundo é a morada do artista.
O desenho não tem tempo, das inscrições na caverna, passa por toda a História da Arte e chega a nossa contemporaneidade, "navega entre décadas, entre épocas e "ismos", entre sensibilizações e conceitos. Tem os mesmos privilégios e qualidades de outras categorias da arte"1.
No seu método de trabalho, Diego demonstra uma comunhão íntima com o ato de desenhar, não é uma ação rápida, é lentamente degustada, retirada do seu interior, às vezes chega ao final da tinta esferográfica, noutras a intensidade chega a criar fissuras no papel. A cor não está presente como elemento principal, ora nas delicadas linhas na imensidão branca do papel, ora no acúmulo da tinta que transpõe para o verso da obra, dando-lhe textura e volume. Antes de tudo, é um processo que é a expressão e a manifestação da alma.
Desenhar é o mais democrático ofício: pensamos, filosofamos, rimos, choramos, amamos e até passamos o tempo. Mas no momento em que o artista o faz como sua linguagem, articula significados da História da Arte, da vida e do mundo. Assim faz Diego que a partir desta técnica tradicional da arte, alia o uso de materiais simples, como a caneta esferográfica e o papel, à sua casa, seu corpo, sua morada.
1MORAIS, Frederico in Cildo meireles-desenhos
A CASA
Texto de Ana Cecília Soares em ocasião da exposição Passagem Sutil / Paisagem Permanente que aconteceu em setembro de 2010, na Galeria Antonio Bandeira, em Fortaleza.
Não importa
a forma como são traçadas suas linhas, aqui, o interessante é observar que
simbologias ou leituras são possíveis fazer em torno da ideia de casa,
sobrepujada na lírica dos desenhos de Diego de Santos. Fundida as imagens da
habitação, tem-se um corpo sem rosto, de qual apenas se vê as pernas e, por
vezes, os pés de um sujeito (O artista? O espectador?). Os membros estão
descaídos por diferentes áreas da construção. A sensação é claustrofóbica, e,
também, curiosa.
Nesse algo
que se forma: “corpo-casa-casa-corpo”, o conflito entre interior e exterior
(vice-versa) está instaurado... A corporeidade é tencionada pela incerteza da
escolha: ficar ou sair? Onipresente no imaginário do artista, a casa é o ser
interior. Para a Psicanálise, “a fachada é a máscara ou a aparência do homem. O
telhado é a cabeça e o espírito, o controle da consciência (...). Do mesmo
modo, os movimentos dentro dela podem estar situados no mesmo plano, descer, ou
subir, e exprimir, seja uma fase estacionária ou estagnada do desenvolvimento
psíquico, seja uma fase evolutiva, que pode ser progressiva ou regressiva,
espiritualizadora ou materializadora”.
Insurgida
nessas alegorias, “Passagem sutil, paisagem permanente”, a atual exposição de
Diego de Santos, denota um momento especial em sua poética, assinalada pela
transitoriedade de técnicas e linguagens utilizadas. É nesse contexto,
entremeado pelo dúbio e pelo extraordinário, que os desenhos do artista constroem
uma atmosfera densa e delicada, lírica e misteriosa, a partir de personagens, e
situações esdrúxulas. Daí é que aflui a “casa”, sempre ela, conflituosa e
complexa como um sonho... Juntamente, com os temas pensados na pesquisa de
Santos: a reflexão, a busca, a criação e a exploração do lugar possível para se
viver.
“Passagem
sutil, paisagem permanente” traz alguns desenhos suspensos, assim como outros
desdobramentos poéticos que fazem uso de objetos descartados que passaram por
algumas reelaborações. Manuseando nanquim, grafite e, principalmente, caneta
esferográfica de forma gestual sobre papel sulfite, Diego de Santos cria
texturas. No lado que concentra a massa de tinta da caneta, vê-se uma
superfície negra e ondulada. No outro, tem-se apenas uma região enrugada, pois
ele também é atingido pelo atrito da ponta da caneta sobre o plano. Somente um
lado é exposto, mas os dois podem ser vistos. Parecem dois desenhos em um, com
forte correspondência entre si.
Na
exposição, o artista, também, propõe a instalação: "Quanto do mundo
caberia dentro de um lugar?", a obra começou a ser pensada quando ele
descolou uma caixa de fósforos usada e a dobrou para os lados opostos das
coladas originais. Em cada uma das caixinhas, há pedaços de papéis, onde o
espectador pode registrar aquela “porção do mundo” que desejaria guardar (eternizar).
São desejos pessoais que se tornam públicos. Uma contaminação de
subjetividades... Sentimentos universais, demasiadamente humanos: amor,
felicidade, esperança...Caixinhas “anti-Pandora”, caixinhas “dieguianas”...
Além dos
desenhos e da instalação, o artista revela outra verve poética com a série
fotográfica “Homem-rolha e meia garrafa de caramelo”. As fotos constituem, em
sua sequência, uma narrativa singela, próxima ao campo da animação, e com um
“quê” daquelas personagens excêntricas dos quadrinhos. Mais uma vez, observamos
a presença de uma figura meio humana, meio coisa (objeto). Com o mesmo
conflito: a procura de um lugar crível para viver.
Em seu
drama, a personagem segue até a última fotografia da série. Fato que não deixa
de ser, ao certo, uma referência ao nosso próprio drama, na busca daquilo que
os gaúchos costumam chamar de “querência”: o nosso lugar no mundo... Assim,
somos todos como o “homem-rolha” seguindo nessa procura... Até o dia, quem
sabe, do “encontro”...
GRAÇAS AO PERIGO
Texto de Nathália C. Forte para a exposição homônima, que aconteceu no Dança no Andar de Cima, em novembro de 2011, em Fortaleza.
Medo de cair, medo de andar, medo
de ir... Todos somos atingidos pelo sentimento primitivo de autopreservação
mediante o perigo ou o desconhecido. E quando o desafiamos, e quando nos
permitimos estar no limiar entre a segurança e o perigo, em que viagens podemos
chegar? Que descobertas podemos fazer? Que riscos nos atrevemos a correr?
Começar a andar também é começar
a cair, mas nem por isso, paramos de andar ou deixamos de nos sentir atraídos
pela possibilidade da queda.
A busca pelo equilíbrio passa
pelo desejo do desequilíbrio. Desequilibrar-se também significa encontrar
outras maneiras de equilibrar-se, também nos ensina novos modos de andar e de
ser. Ao mesmo tempo tememos o chão e a dor da queda, ansiamos a aventura, a
proximidade da morte e do perigo. O que faz com que medo e desejo andem tão
próximos?
Em Graças ao Perigo, Diego de
Santos nos leva a explorar esse momento de possibilidades. Em seus desenhos e
fotografias o jovem artista dialoga conosco sobre esse instante entre o equilíbrio
e a queda, entre o seguro e o desconhecido, o desejo e o medo.
Em suas obras somos levados por
um personagem, um homem incompleto com suas pernas e mãos a mostra, com um
corpo imerso, ou no estado de objeto, ou no avesso. Esse é personagem de ação, de
atitude interrompida, são as pernas que caminham em direção ao perigo e as mãos
que agarram para resistir a correnteza dos acontecimentos que estão fora do seu
controle.
A arte de Diego de Santos muito
fala sobre essa relação de controle, ela caminha no sentido contrário ao das
situações vividas por seu personagem. O traçado de seu desenho é cheio de
movimentos repetitivos e minúcias, mesmo possuindo um resultado que parece
muito gestual ao utilizar a caneta esferográfica com força sobre o papel bem fino
e frágil. Em seu desenho preto e branco, Diego também explora esse ponto de
limite entre o riscado e a resistência do papel, assim chegando ao instante de
equilíbrio, a medida limite entre a ação do artista e a resistência do
material. Dialogar com seu trabalho também é conversar um pouco com suas fobias
e inseguranças, com seu desejo de inovar nos caminhos de sua estética sem
comprometer sua integridade e a segurança de suas afirmações visuais.
Seu desenho é limpo, firme e
seguro, que usa um método aperfeiçoado a cada nova obra. Um desenho que poucas
vezes arrisca-se em águas bravias e desconhecidas como aquelas em que o
personagem das possíveis histórias/instantes que narra se joga
propositadamente, mas ainda assim, amplia-se. Mesmo quando nos surpreende ao
transformar a ferida do verso do papel como desenho de primeiro plano, Diego o
usa com segurança e em espaços pré definidos e bem estudados. Este é um artista
de método, que dialoga com o que faz, que teme e busca a destruição dos
significados que construiu. E esses conceitos se aplicam não só a sua
construção com o desenho, mas também com o video e a fotografia.
Graças ao Perigo é uma
viagem ao movimento cotidiano de desejar aquilo que se teme, de insinuar-se a
situações de perda de controle, de desequilibrio, de impossibilidade de ação consciente, de abrir
mão do domínio de si.
É medo e desejo.
Estejam convidados, ao entrar
nessa exposição, a desejar o doce do caramelo, desafiar a gravidade ao escalar
o pote e suspender-se, na contemplação, entre aquilo que deseja e o caminho que
te trouxe.